
Redescubro que as diferentes formas de amar se sobrepõem umas às outras, descoordenadas.
E quando temos que virar costas a um amor, um amor tão eterno e intenso que não tem nome... Surgem as sombras do passado, determinadas a enterrar estilhaços de espelhos, na nossa alma. Cada um deles reflectindo cenas no pretérito. Porquê...? Não derramo sangue nem lágrimas, apenas uma apatia que não se volatiliza no passar das horas e aumenta, inexplicável, como se fosse nevoeiro que rodopia e se adensa, penetrando-me o íntimo...
A pedra cinza, escura, nostálgica, surge-me em pesadelos e não me aceita porque o Tejo ainda clama por mim... Oiço o seu suspiro gélido nas noites frias de Inverno.
Este amor desmedido corrói-me as entranhas e retalha-me lentamente numa incerteza silenciosa. Onde estiverem sorrisos, verei os meus, mas em outros lugares, outros passeios, outras árvores.
Acedeste novamente ao meu pedido e tremo. Qual será a troca? A razão desfeita, o sangue a bombear por artérias rasgadas, a esgotar-se na palidez da minha pele, na melancolia do meu olhar... O vazio, ou algo mais...?